- Podia apresentar-se e falar sobre a sua experiência?
Acho que há duas coisas que sempre me motivaram: compreender a História (com “H” grande) e compreender a vida das pessoas. É esse o cerne da minha vida. A solidariedade internacional veio em primeiro lugar, depois o jornalismo e, finalmente, o cinema documental. Os filmes que faço hoje tendem a ter uma conjunção desses dois elementos: história e a vida das pessoas. Quero contar histórias sobre pessoas capturadas nas correntes da História, com as suas esperanças, forças, e os desafios que enfrentam.
Foi dessa maneira que trabalhei nos meus projetos entre 2003 e 2010, com os agricultores maias na Guatemala, com migrantes presos na Grécia durante a onda de migração pós-2010, com os trabalhadores e agricultores na argentina durante uma das febres do petróleo, e hoje, com ex-prisioneiros em França, com as suas vidas novas após terem servido longas sentenças na prisão.
Eu trabalho imergindo-me durante um longo período de tempo, para ter a melhor ideia possível do fenómeno que quero descrever. Geralmente, essa imersão leva a que construa amizades e confiança reais, o que considero indispensável se o filme fizer parte duma construção coletiva, apesar de ter sido eu quem o tenha começado.