- Estás a fazer um filme muito bonito, com uma luz maravilhosa, que é filmado de perto, em movimento. Qual foi a tua abordagem, desde um ponto de vista estilístico?
Obrigado! Sempre pensei que a maneira em que um filme é feito é extremamente importante para apresentar o seu conteúdo. A singularidade do cinema é poder usar a fotografia e a música para contar uma história e transmitir emoções. Estou sinceramente convencido de que é através do vetor emocional que é possível levar os espetadores a sentir o que o filme diz, em vez de o compreender racionalmente. É possível compreender realmente um sujeito, uma situação, uma condição, só através desta camada emocional, deste banho de sensações, enxertado numa camada racial. Portanto, isto implica que se preste muita atenção à forma da película para que ela não seja apenas um suporte fixo, mas sim um vetor privilegiado de transmissão do fundo.
Concretamente, isso implica uma grande preparação em termos de fotografia. O diretor de fotografia
Thierry Le Mer e eu discutimos muito o tratamento visual do filme, que devia misturar a possibilidade de produzir imagens qualitativas em situações intimistas. Tivemos que utilizar um equipamento bastante pesado num contexto em que, porém, a câmara deve poder passar por todo o lado, passando o mais despercebida possível. Por isso também tivemos de limitar o tempo de filmagem para conseguir entrar no nosso orçamento com tanto material. Por fim, o aspecto imersivo assentou muito na relação de confiança construída com o Mamadou, que nos permitiu aceder a momentos da sua vida com grande generosidade.