“Rebel Riders”: Amor Vespa, reconvertido na Indonésia de todas as formas e feitios
A competição intensa entre os clubes contracultura de aceleras na Indonésia tem o objetivo de chamar a atenção, de superar a imaginação do colega do lado.
Com o amor pela Vespa comum a “milhões de irmãos”, a inspiração parece não ter limites.
“Rebel Riders” é uma mostra de criatividade extrema e impossível de ignorar. Muitos dos modelos são construídos com restos de sucata. A acelera foi produzida pela Danmotor Vespa Indonesia, com licença da empresa-mãe italiana, a Piaggio, desde 1972 até pouco depois da crise financeira que o país atravessou, em 1997, altura em que as importações foram severamente afetadas. Seja como for, cerca de 85% dos Indonésios ainda andam de Vespa.
Apesar de terem nome de inseto, muitos destes veículos Frankestein parecem demónios saídos do Inferno, com rodas adicionais, “pneus sanduíche” (veja se encontra a que tem mais de 60 deles!), bancos compridos, sidecars, versões com caçadeiras de canos serrados ou ao estilo reboque de quatro rodas, chassi de tronco de madeira, decorações macabras com caveiras, cabeças de bonecas e outros apêndices, guiadores excêntricos e um sem-fim de soluções limitadas à ousadia de cada um.
“Procuramos liberdade”, diz uma voz nesta curta documental filmada e editada com astúcia por Marc Ressang. “As nossas almas estão realmente nas ruas.”
“O pessoal da “irmandade” Vespa é todo muito acolhedor.”
Pode falar-nos um pouco de si?
Sou fotógrafo e realizador holandês e vivo na Ásia há 9 anos, 8 dos quais em Xangai, China, e agora em Saigão, no Vietname.
Trabalho maioritariamente como diretor de fotografia em projetos comerciais e aproveito o meu tempo livre para trabalhar nos meus próprios documentários um pouco por toda a Ásia, como é o caso deste.
Como conheceu estes jovens ?
Ouvi falar sobre a comunidade indonésia de Vespas modificadas através de um amigo meu, Muhammad Fadli. Depois de pesquisar um pouco, não encontrei filmes que captassem a emoção que é ver e ouvir estas motas extremas, por isso, decidi fazer algo ao estilo dos vídeos “sujos e descontraídos”, como os produzidos pela própria comunidade.
Como definiria esta comunidade e os seus membros de espírito livre?
O pessoal da “irmandade” Vespa é todo muito acolhedor. É um meio local, onde os miúdos aprendem a trabalhar juntos. Como não há nada semelhante fora da Indonésia, eles têm de criar e resolver os problemas sozinhos. A barreira do idioma foi um desafio no que diz respeito às entrevistas, mas todos adoraram exibir as suas criações enquanto bebiam um café ou fumavam um cigarro.
Como correram as filmagens?
Decidimos filmar com uma Panasonic GH5, uma Blackmagic Pocket e um DJI Ronin-S ao longo de seis meses e cinco viagens. Como havia muito movimento envolvido, as coisas tinham de caber numa mochila. Muitas das cenas envolveram métodos e suportes de gravação pouco ortodoxos na traseira de uma mota.
Quais os seus projetos? Em que está a trabalhar neste momento?
De momento, estou a trabalhar num projeto de vídeo sobre uma religião popular em Myanmar, mas com as atuais restrições de viagem, é provável que leve algum tempo a concluí-lo.
Uma palavra sobre a 99 e a legendagem multilinguagem do seu filme.
Ter um documentário legendado em inglês e noutro idioma estrangeiro dificulta o acompanhamento simultâneo da história e das imagens, por isso, penso que a 99 é uma excelente ideia, enquanto plataforma acessível para partilhar vídeos de diferentes idiomas e contextos. Obrigado por alojarem o filme!
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